segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Cachoeira - BA. Relato apaixonado sobre um passeio cultural ímpar pela história da Bahia



No último fim de semana, dias 9 e 10/11, visitei uma das cidades que mais cresce culturalmente no Recôncavo baiano. Não que lhe faltasse ícones de cultura, isso foi uma das coisas que mais me confundiu nesta minha segunda passagem por lá. Eram tantos signos, tantas referências... A cidade em destaque é Cachoeira, uma cidade histórica, que guarda tatuada em suas construções coloniais, marcas da luta e vitória que foram fundamentais para a independência da Bahia, no ano de 1823. 

Construções coloniais de Cachoeira
Algo que chamou minha atenção: Então quer dizer que o Brasil já era independente, porém a Bahia não?

Solícito, meu acompanhante Carvalho, F., alguém muito envolvido com a literatura, e apaixonado pelas belezas históricas e referenciais de lá, me explicou que, quando D. Pedro II declarou o Brasil independente de Portugal, nas margens do Ipiranga, em 1822, na Bahia o processo não se firmou logo, pois os portugueses tinham um interesse maior em nossas terras do que no resto do País. Não que eles não quisessem a maioria restante, mais aqui era o foco principal para a continuação da colônia. E foi em Cachoeira que a luta pela independência da Bahia começou, terminando na capital, no dia 2 de julho de 1823.

Estátuas esculpidas em madeira no museu onde funcionava a cadeia
Hoje, mistérios se misturam com iniciativas culturais. Uma das estórias mais interessantes é algo místico que busca explicar certos atrasos evolutivos e até políticos desta e de outras cidades do recôncavo.

Meu amigo me contou – quando já estávamos indo embora –, que os espiritualistas locais acreditam que, nestas cidades existe um atraso social, pois enterraram um esqueleto de burro (equino) nelas. Se for falácia, nem eu nem ele poderíamos contradizer, pois é de bom tom respeitar e levar a sério os preceitos religiosos desta região.

Cachoeira é vizinha de São Felix, uma cidadezinha fixada no alto de uma pequena formação de serra. As duas se ligam através da ponte de ferro Dom Pedro II, construída sobre o rio Paraguassú, que dá continuidade a uma ferrovia. De vez em vez, um dos sentidos é liberado, ora para Cachoeira, ora para São Félix, com fluxo monitorado via rádio por agentes de trânsito, localizados nos dois extremos da ponte.

Ponte sobre o Rio Paraguassú, que une Cachoeira a São Felix

Mas é como se não houvesse divisão. Pelo menos é o que aparenta para os visitantes, e, sinceramente, nem quis entrar nesses assuntos de relação social entre os moradores, até porque a riqueza cultural desta região é tão fantástica que não dá pra pensar em outra coisa, senão em apreciar!

Galeria de Arte Pouso da Palavra, que foi residencia do poeta  Damário da Cruz
No primeiro dia, visitamos a casa Pouso da Palavra, que foi residência do poeta e fotógrafo Damário da Cruz, e hoje é um centro cultural e galeria de arte. Lá, comprei um suvenir, uma camisa com estampa de um dizer do Damário: “GlobalizaCÃO... Quanto mais sonho com Cachoeira, mais acordo em Nova York”. Fiquei surpreso e alegre, junto com meu companheiro de viagem, ao ver que um de seus poemas estava no livro da edição 2013 do concurso de poesias que leva o nome do ilustre “Da Cruz”. Tudo isso depois de ter comido uma gostosa moqueca de peixe, observando a paisagem da orla com vista para a vizinha São Félix.

Parte interna do mercado municipal
No mercado municipal era dia de feira. Já conhecia o ambiente da primeira vez que visitei (muito rapidamente) a cidade, em uma das excursões da aula de fotografia, do curso de jornalismo, coordenado pelo professor (um dos melhores que conheço) João Alvarez. Lá, comprei um pote de ambrosia, e fui confundido, talvez pela roupa ou pela anemia de minha pele, com um carioca. Expliquei para a simpática feirante que eu era tão da terra quanto ela e que venho das bandas da Ilha de Itaparica. A dona, pelo que percebi, não acreditou, mas enfim... Foi um reencontro interessantíssimo com aquela bagunça comum de feira.

As siglas significam: Pedro Quer Ter Renda Lucro e Valores
Meu amigo até que tentava me explicar a importância dos signos humanos contidos nos nomes dos casarios, monumentos e ruas da cidade, mas eram tantos que eu me perdia.

Mais algo chamou nossa atenção, no último dia de visita: um bar que se chamava PQTRLV. Que diabos seria aquilo?

Curioso, fui perguntar ao dono do estabelecimento, seu Zé Miúdo, e ele nos contou que seu cunhado chamado Pedro, que era dono daquele e de mais outro bar na cidade, colocou o nome, e que a sigla significa: Pedro Quer Ter Renda Lucros e Valores. Na verdade, as letras possuem dois significados, mas o segundo só você indo lá e perguntando pra ele, pois é tão pitoresco e picante que jamais contaria aqui (risos).

Fanfarra em cortejo pelas ruas de Cachoeira
Na noite de sábado, após um bom jantar e uma reserva de Cabernet Sauvignon, num dos diversos restaurantes com boa comida que a cidade possui, fomos ao início do festejo da festa da D'Ajuda. Posso dizer que foi a parte mais elétrica desta visita maravilhosa à Cachoeira. Ao som da banda de fanfarra da cidade – que começou com o hino do Senhor do Bonfim – demos um giro de 360º ou 180º, ou sei lá..., na cidade. Num ritmo frenético, moradores e turistas cantavam e dançavam no cortejo. Não aguentei o pique quando chegamos à parte mais movimentada da cidade, e como se diz aqui na Bahia: “pedi pepeô” ao meu amigo. Descansamos em uma das pracinhas próximo à orla e, depois, exaustos, fomos dormir.

"A festa da D'Ajuda guarda segredos e lendas", foi o que meu amigo disse. Ele me explicou que, no carnaval, espíritos se misturam aos foliões que mantêm a tradição da fantasia. Uma das vestimentas, o mandu, que cobre todo o corpo, apenas deixando os olhos à mostra e parece até com a roupa usada naquele clã Ku Klux (infeliz comparação, mas parece), era para que crianças que sofriam com doenças de pele pudessem brincar, nos festejos. Ele disse também que Yemanjá entra nessa história, mas eu já estava com um delay tão grande na mente, devido aos signos locais, que nem pedi maiores explicações.

Mãe Fiinha, da Irmandade da Boa Morte
Essa festa tem relação com a Irmandade da Boa Morte, da qual tive a oportunidade de fotografar a Mãe Fiinha, um dos ícones desta tradição religiosa.


Por fim,  após passar uma ótima tarde em um balneário muito aconchegante, capturei imagens da fauna aviária e do por do sol.

Ficarão as recompensas dessa viagem maravilhosa e a saudade desta cidade, da qual levei fotos, suvenires, doces e uma paz tão intensa que nem preciso mais pular ondinhas, no Reveillon, devido à quantidade que recebi das estórias, histórias e espíritos. 

Confira esse vídeo sobre os mandus, e conheça mais sobre a cultura de Cachoeira.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Folk Industrial revelando um Nordeste experimental por Jong de Cerqueira

Foto Facebook
Antenado em buscar e divulgar inovações que vão desde o mainstrean ao underground, Som Di Track estará colado na apresentação do projeto Folk Industrial do cantor e compositor baiano Jong de Cerqueira, junto com o grupo Sertão Elétrico, que acontece na próxima quarta-feira (06/11), às 19 horas, no Teatro Eva Herz, Livraria Cultura do Salvador Shopping. O evento será gratuito.

Misturando sons indígenas com canto de vaqueiros..., uma mistura de Luiz Gonzaga com Jackson do Pandeiro, porém, cheio de originalidade, misturando a essência do som da região nordeste com aspectos do rock progressivo influenciado por Led Zeppelin, Pink Floyd e Metállica e ritmos dançantes como o soul e o hip hop. E o melhor: tudo isso com um enfoque ecológico que evidencia as riquezas do semiárido brasileiro.

Foto Facebook
Vários artistas irão colaborar nesse baião de muitos, que Jong apresentará. Marcelo Francis na guitarra progressiva, Oswaldinho do Acordeom na sanfona e Lincoln Olivetti nos teclados.

Vamos ver o que vai dar dessa mistura musical que envolve o rock, o baião, o sertanejo, o soul, o hip hop e a originalidade Folk de Jong. Som di Track se arrisca a dar um parecer: VAI SEM MASSA!!!

O QUÊ: Show de lançamento do CD de Jong de Cerqueira “Folk Industrial”

ONDE: Teatro Eva Herz – Livraria Cultura, Salvador Shopping. Av. Tancredo Neves, nº 2915, Caminho das Árvores - Salvador/BA.
QUANDO: Dia 06 de novembro, às 19 horas.

QUANTO CUSTA: Entrada franca


Confira o vídeo da música O Sonho do Guerreiro, do artista Jong de Cerqueira