terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Coração não tem sexo - Filme Azul É a Cor Mais Quente




Ninguém nunca dirá que um sorriso ou uma troca de olhares, ou até mesmo aquela pessoa que passa lá, bem longe do seu: “Nossa..., que linda!”, será um daqueles amores que te marcam como tatuagem. E quando este sentimento surge você nunca poderá medir seu tempo de duração.

Ninguém está imune às armadilhas da solidão e das válvulas de escape. E quando elas se mostram necessárias, a outra parte sempre julgará inconveniente, decepcionante ou até mesmo como uma traição.

Mas o que fazer com as lembranças dos toques, dos olhares, dos fluidos e daquela sensação de que o mundo poderia acabar naquele instante em que os corpos, exaustos, caem um no outro? Como prosseguir em paz sabendo que existe ainda uma atração, um desejo - e mais que isso -, um amor que faz o peito esquentar de tal maneira que até pensamos em desistir de tudo por causa dessa dor, inofensiva aos nervos, porém, totalmente suicida à alma?

Prova boba de algo parecido, porém, super significante
Azul é a Cor Mais Quente é bem o retrato desta situação em que, por falta de diálogo e desgaste do tempo, amores e paixões arrebatadoras se desfazem, mas que sempre deixa alguém sofrendo e com a esperança de que toda magia verdadeira que rodeava a história se faça mais importante que as dificuldades da relação.

No romance, Adèle (Adèle Exarchopoulos) vive uma paixão arrebatadora por Emma (Léa Seydoux), e aí está o xis da questão: O filme só podia ser francês... (Risos). E é claro que é! E sem nenhuma renuncia ou crise existencial, Adèle acaba encontrando nos braços e na cama de Emma tudo aquilo que ela não conseguia sentir em suas histórias com meninos.

Tudo começa quando ela cruza com Emma, na rua. Quem vê alguém interessante passar e não dá uma olhadinha pra trás, para conferir?.

Emma - Léa Seydoux
O fantástico não está na homoafetividade, e sim na entrega que acontece entre as duas. Emma, mais velha, estuda Belas Artes e desde os 14 anos já havia experimentado ficar com garotas. Adèle, ainda menor de idade (15 anos), vivia os conflitos de sua adolescência e algumas frustrações por não ter encontrado a sensação de entrega em si, com os garotos qual ficava.

Com mundos e planos de futuro totalmente opostos, elas não resistem à conexão que seus corpos produziram nos encontros vespertinos, no parque, e se entregam completamente.

Adèle - Adèle Exarchopoulos
Emma passa a ver Adèle como a musa inspiradora de seus retratos artísticos e as duas começam a viver juntas, só que a diferença cultural entre elas vira um abismo muito grande na relação, e Adèle, solitária - pois o mundo de Emma é repleto de signos e pessoas que afastam uma da outra - vê em seu colega de estágio, onde era professora do maternal, uma válvula de escape. Mas Emma descobre e decide terminar o relacionamento.

Adèle passa três longos anos sofrendo com a falta que Emma lhe fazia, e mesmo depois de um reencontro, sua ex (que já estava em outro relacionamento) não conseguiu entender a importância que ela tinha em sua vida.


Assista o trailer do filme:




O filme é polêmico - como toda boa história deve ser -, e mata toda curiosidade dos leigos sobre como é uma relação sexual entre duas mulheres. Com cenas fortes e ousadas, Azul É a Cor Mais Quente foi premiado no festival de Cannes e existem diversos debates sobre questões feministas que envolvem a história, além de brigas e acusações de assédio moral feitas pela atriz Léa Seydoux ao diretor Abdellatif Kechiche. Mas, pra mim, não há o que contestar... A história, as cenas, o enredo e a falta de hollywoodianismo característicos dos filmes franceses deixaram esse drama perfeito!

O filme está em cartaz em Salvador até o dia 12 de dezembro, nas salas de cinema UCI Shopping Iguatemi Salvador - Sala 2, UCI Orient Shopping Barra e no Itaú Glauber Rocha.

Classificação: + 18 anos

Som Di Track indica como trilha sonora pós filme a música da banda Legião Urbana Quem Inventou o Amor. Assistam!



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Cachoeira - BA. Relato apaixonado sobre um passeio cultural ímpar pela história da Bahia



No último fim de semana, dias 9 e 10/11, visitei uma das cidades que mais cresce culturalmente no Recôncavo baiano. Não que lhe faltasse ícones de cultura, isso foi uma das coisas que mais me confundiu nesta minha segunda passagem por lá. Eram tantos signos, tantas referências... A cidade em destaque é Cachoeira, uma cidade histórica, que guarda tatuada em suas construções coloniais, marcas da luta e vitória que foram fundamentais para a independência da Bahia, no ano de 1823. 

Construções coloniais de Cachoeira
Algo que chamou minha atenção: Então quer dizer que o Brasil já era independente, porém a Bahia não?

Solícito, meu acompanhante Carvalho, F., alguém muito envolvido com a literatura, e apaixonado pelas belezas históricas e referenciais de lá, me explicou que, quando D. Pedro II declarou o Brasil independente de Portugal, nas margens do Ipiranga, em 1822, na Bahia o processo não se firmou logo, pois os portugueses tinham um interesse maior em nossas terras do que no resto do País. Não que eles não quisessem a maioria restante, mais aqui era o foco principal para a continuação da colônia. E foi em Cachoeira que a luta pela independência da Bahia começou, terminando na capital, no dia 2 de julho de 1823.

Estátuas esculpidas em madeira no museu onde funcionava a cadeia
Hoje, mistérios se misturam com iniciativas culturais. Uma das estórias mais interessantes é algo místico que busca explicar certos atrasos evolutivos e até políticos desta e de outras cidades do recôncavo.

Meu amigo me contou – quando já estávamos indo embora –, que os espiritualistas locais acreditam que, nestas cidades existe um atraso social, pois enterraram um esqueleto de burro (equino) nelas. Se for falácia, nem eu nem ele poderíamos contradizer, pois é de bom tom respeitar e levar a sério os preceitos religiosos desta região.

Cachoeira é vizinha de São Felix, uma cidadezinha fixada no alto de uma pequena formação de serra. As duas se ligam através da ponte de ferro Dom Pedro II, construída sobre o rio Paraguassú, que dá continuidade a uma ferrovia. De vez em vez, um dos sentidos é liberado, ora para Cachoeira, ora para São Félix, com fluxo monitorado via rádio por agentes de trânsito, localizados nos dois extremos da ponte.

Ponte sobre o Rio Paraguassú, que une Cachoeira a São Felix

Mas é como se não houvesse divisão. Pelo menos é o que aparenta para os visitantes, e, sinceramente, nem quis entrar nesses assuntos de relação social entre os moradores, até porque a riqueza cultural desta região é tão fantástica que não dá pra pensar em outra coisa, senão em apreciar!

Galeria de Arte Pouso da Palavra, que foi residencia do poeta  Damário da Cruz
No primeiro dia, visitamos a casa Pouso da Palavra, que foi residência do poeta e fotógrafo Damário da Cruz, e hoje é um centro cultural e galeria de arte. Lá, comprei um suvenir, uma camisa com estampa de um dizer do Damário: “GlobalizaCÃO... Quanto mais sonho com Cachoeira, mais acordo em Nova York”. Fiquei surpreso e alegre, junto com meu companheiro de viagem, ao ver que um de seus poemas estava no livro da edição 2013 do concurso de poesias que leva o nome do ilustre “Da Cruz”. Tudo isso depois de ter comido uma gostosa moqueca de peixe, observando a paisagem da orla com vista para a vizinha São Félix.

Parte interna do mercado municipal
No mercado municipal era dia de feira. Já conhecia o ambiente da primeira vez que visitei (muito rapidamente) a cidade, em uma das excursões da aula de fotografia, do curso de jornalismo, coordenado pelo professor (um dos melhores que conheço) João Alvarez. Lá, comprei um pote de ambrosia, e fui confundido, talvez pela roupa ou pela anemia de minha pele, com um carioca. Expliquei para a simpática feirante que eu era tão da terra quanto ela e que venho das bandas da Ilha de Itaparica. A dona, pelo que percebi, não acreditou, mas enfim... Foi um reencontro interessantíssimo com aquela bagunça comum de feira.

As siglas significam: Pedro Quer Ter Renda Lucro e Valores
Meu amigo até que tentava me explicar a importância dos signos humanos contidos nos nomes dos casarios, monumentos e ruas da cidade, mas eram tantos que eu me perdia.

Mais algo chamou nossa atenção, no último dia de visita: um bar que se chamava PQTRLV. Que diabos seria aquilo?

Curioso, fui perguntar ao dono do estabelecimento, seu Zé Miúdo, e ele nos contou que seu cunhado chamado Pedro, que era dono daquele e de mais outro bar na cidade, colocou o nome, e que a sigla significa: Pedro Quer Ter Renda Lucros e Valores. Na verdade, as letras possuem dois significados, mas o segundo só você indo lá e perguntando pra ele, pois é tão pitoresco e picante que jamais contaria aqui (risos).

Fanfarra em cortejo pelas ruas de Cachoeira
Na noite de sábado, após um bom jantar e uma reserva de Cabernet Sauvignon, num dos diversos restaurantes com boa comida que a cidade possui, fomos ao início do festejo da festa da D'Ajuda. Posso dizer que foi a parte mais elétrica desta visita maravilhosa à Cachoeira. Ao som da banda de fanfarra da cidade – que começou com o hino do Senhor do Bonfim – demos um giro de 360º ou 180º, ou sei lá..., na cidade. Num ritmo frenético, moradores e turistas cantavam e dançavam no cortejo. Não aguentei o pique quando chegamos à parte mais movimentada da cidade, e como se diz aqui na Bahia: “pedi pepeô” ao meu amigo. Descansamos em uma das pracinhas próximo à orla e, depois, exaustos, fomos dormir.

"A festa da D'Ajuda guarda segredos e lendas", foi o que meu amigo disse. Ele me explicou que, no carnaval, espíritos se misturam aos foliões que mantêm a tradição da fantasia. Uma das vestimentas, o mandu, que cobre todo o corpo, apenas deixando os olhos à mostra e parece até com a roupa usada naquele clã Ku Klux (infeliz comparação, mas parece), era para que crianças que sofriam com doenças de pele pudessem brincar, nos festejos. Ele disse também que Yemanjá entra nessa história, mas eu já estava com um delay tão grande na mente, devido aos signos locais, que nem pedi maiores explicações.

Mãe Fiinha, da Irmandade da Boa Morte
Essa festa tem relação com a Irmandade da Boa Morte, da qual tive a oportunidade de fotografar a Mãe Fiinha, um dos ícones desta tradição religiosa.


Por fim,  após passar uma ótima tarde em um balneário muito aconchegante, capturei imagens da fauna aviária e do por do sol.

Ficarão as recompensas dessa viagem maravilhosa e a saudade desta cidade, da qual levei fotos, suvenires, doces e uma paz tão intensa que nem preciso mais pular ondinhas, no Reveillon, devido à quantidade que recebi das estórias, histórias e espíritos. 

Confira esse vídeo sobre os mandus, e conheça mais sobre a cultura de Cachoeira.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Folk Industrial revelando um Nordeste experimental por Jong de Cerqueira

Foto Facebook
Antenado em buscar e divulgar inovações que vão desde o mainstrean ao underground, Som Di Track estará colado na apresentação do projeto Folk Industrial do cantor e compositor baiano Jong de Cerqueira, junto com o grupo Sertão Elétrico, que acontece na próxima quarta-feira (06/11), às 19 horas, no Teatro Eva Herz, Livraria Cultura do Salvador Shopping. O evento será gratuito.

Misturando sons indígenas com canto de vaqueiros..., uma mistura de Luiz Gonzaga com Jackson do Pandeiro, porém, cheio de originalidade, misturando a essência do som da região nordeste com aspectos do rock progressivo influenciado por Led Zeppelin, Pink Floyd e Metállica e ritmos dançantes como o soul e o hip hop. E o melhor: tudo isso com um enfoque ecológico que evidencia as riquezas do semiárido brasileiro.

Foto Facebook
Vários artistas irão colaborar nesse baião de muitos, que Jong apresentará. Marcelo Francis na guitarra progressiva, Oswaldinho do Acordeom na sanfona e Lincoln Olivetti nos teclados.

Vamos ver o que vai dar dessa mistura musical que envolve o rock, o baião, o sertanejo, o soul, o hip hop e a originalidade Folk de Jong. Som di Track se arrisca a dar um parecer: VAI SEM MASSA!!!

O QUÊ: Show de lançamento do CD de Jong de Cerqueira “Folk Industrial”

ONDE: Teatro Eva Herz – Livraria Cultura, Salvador Shopping. Av. Tancredo Neves, nº 2915, Caminho das Árvores - Salvador/BA.
QUANDO: Dia 06 de novembro, às 19 horas.

QUANTO CUSTA: Entrada franca


Confira o vídeo da música O Sonho do Guerreiro, do artista Jong de Cerqueira




sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Luiz Caldas e convidadas enchem de Luz o TCA no Outubro Rosa

Por Joaquim de Castro

Rebeca Matta, Alinne Rosa, Luiz Caldas Margareth Menezes, Kall Medrado e Carla Visi Juntos no palco do TCA
A noite de Salvador, na última quarta-feira 23/10, foi marcada por festa de muita emoção, boa música e conscientização a respeito do diagnóstico e prevenção do câncer de mama, e o protagonista do evento foi o músico Luiz Caldas que realizou o espetáculo Mulheres de Luz junto com as convidadas Alinne Rosa, Carla Visi, Kell Medrado, Margareth Menezes e Rebeca Matta.

O show foi promovido pelo Projeto Repartir, organização beneficente que desde 2007 atua na questão, como parte do movimento Outubro Rosa. Toda a arrecadação foi destinada ao Núcleo Assistencial a Pessoas Com Câncer (Naspec). Além de Luiz, o Teatro Castro Alves, local onde o espetáculo aconteceu, foi parceiro da iniciativa.

Alinne Rosa e Luiz Caldas 
Clássicos da música popular brasileira que carregam em suas letras o bem dizer às mulheres - Mulheres de Atenas  de Chico Buarque, Mulher Nova Bonita e Carinhosa, de Zé Ramalho, Dona, do grupo Roupa Nova, Paraíba, de Luiz Gonzaga, dentre outros sucessos - foram interpretados de forma suave. 

Luiz abriu o show cantando a Ave Maria e logo após algumas canções, Alinne Rosa subiu ao palco com uma leitura inovadora e dançante de Êxtase, de Guilherme Arantes. Já Kall Medrado interpretou Natural Woman da cantora americana Aretha Franklin, com uma inspiração que fez jus ao original.

Carla Visi e Luiz Caldas
Rebeca Matta, em um belo efeito de luzes, emergiu ao palco acompanhada de uma rosa gigante e cantou ao som de efeitos de sampler. Carla Visi, cheia de samba nos pés e uma alegria contagiante, trouxe o Conto de Areia de Clara Nunes.

Além dessas vozes, algumas apresentações instrumentais marcaram o evento. Clarinete e Pífano deram estilo e inovação ao show. O atabaque da percursionista Daniela Pena, que também usou chocalhos, deu um aspecto tribal ao espetáculo. Margareth Menezes deu seu show, quando Luiz, vestido de índio, tocou atabaques ao som da música Mãe Menininha.

Margareth Menezes agradecendo ao público - Foto Joaquim Castro
Luiz Caldas e todas as suas Mulheres de Luz encerraram o show com a música Maria, Maria, de Milton Nascimento. Ele agradeceu a presença do público, que em sua maioria eram mulheres, evidenciando a importância delas, desculpando-se por todos os sofrimentos que o pensamento masculino causou no decorrer da história. 

De forma poética, recitou o poema "A mulher, a Gênese" de autoria sua em parceria com Cesar Rasec, destacou a luta feminina por espaço na sociedade e frisou a importância da atitude frente ao câncer de mama e outras doenças que possam comprometer a saúde da mulher.

Luiz Caldas, convidadas e mulheres do Projeto Repartir  - Foto Joaquim Castro
Cada convidada deu seu depoimento sobre a sensação de ser mulher, e logo após, todos os cantores receberam buquês de rosas das integrantes do Projeto Repartir, todas elas mulheres comprometidas há muito tempo com a causa.

Para conhecer mais sobre o projeto Repartir acesse www.projetorepartir.wordpress.com e curta também a sua página no Facebook.

Clique AQUI e confira mais fotos do espetáculo Mulheres de Luz.

Som Di Track conversou com Alinne Rosa, Carla Visi, Rebeca Matta e com Luiz Caldas, confiram:





segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Jovens desenhistas rabiscando arte: Elton Silva e Larissa Rebouças


Larissa Rebouças Feito à mão
Rabiscos ganham forma e expressam situações e sentimentos... Muitas vezes um desenho consegue falar mais do que mil palavras, e é nessa perspectiva que os desenhos de Elton Silva e Larissa Rebouças ganharam as palavras aqui escritas.

Em universos diferentes - pois não se conhecem -, esses dois jovens soteropolitanos buscam um complemento para a fantasia que reside em suas mentes. Rabiscando, é que eles encontram a válvula de escape. E que belo escape.

Larissa tem 18 anos e é estudante. Deseja se profissionalizar no desenho e seus rabiscos têm a intenção de mostrar ao mundo que a arte pode substituir a violência. É uma menina serena, porém curiosa e inteligente, que faz de sua aparência algo interessante, pois ainda possui traços da puberdade. Aplicada em desenhos de perfis humanos, ela demonstra ter controle sobre os traços que risca.

Elton Silva feito à mão
Elton tem 22 anos e é técnico em informática, cursou Engenharia da Computação, mas desistiu por não se identificar com a área de Exatas. É blogueiro (possui dois blogs: Relatos Banais de um Cidadão Comum e Solidão com Vista pro Mar). Gosta de poesias e é muito bem articulado com as palavras. Filosófico e analítico, Elton desenvolve diálogos e reflexões nas tirinhas que desenha.

Desenhar exige, de quem pratica a arte, técnica e precisão, mas também é imprescindível que se tenha dom, pois é através da percepção que o artista irá tornar sua obra em algo ímpar, ou pelo menos diferenciada. 

Elton Silva feito à mão
Larissa Rebouças feito à mão


Elton e Larissa são pessoas de natureza muito boa. A convivência com eles foi pouca (com a Larissa um pouco maior), mas classificaria muito positivamente a personalidade dos dois.

Larissa Rebouças
Elton Silva
Larissa parece que sempre está a te perguntar algo, mesmo sem perguntar nada. Deve ser por causa dos seus óculos e seu olhar de interrogação.

Elton é mais vibrante. Usa poesia e a análise filosófica até em respostas simples, além de ter um senso de honra e respeito muito grande por quem com ele conversa. Esses talentos, com certeza, ganharão espaço onde quer que eles escolham aplicar seus trabalhos, e vale muito a pena prestigiar o começo da atividade de pessoas assim. Com talento. 

Para trilha sonora dos pedacinhos da história artística destes jovens soteropolitanos, Som Di Track indica o videoclipe em animação A Lack of Color da banda Death Cab For Cutie:


domingo, 20 de outubro de 2013

Espelhos Para Cegos... Um reflexo humano distorcido por nossa racionalidade absurda

O Homem-Lixo Foto Joaquim Castro
Que tipo de bicho é o homem?

- Alguém que vale mais em CPF do que em simpatia e sorriso?
- Bípede meio carnívoro, meio vegetariano todo errado?
- Resto abandonado de evidências superiores oriundas de seres habitantes do nada múltiplo estelar? Um erro do subverso...

Na pior das hipóteses, uma raça qual O Criador (quem?) deu plenos poderes de governo sob tudo que existe nesta esfera azulada, conjugada na 3ª pessoa do sistema solar...

A criatura Foto Joaquim Castro
Tentando despertar sua fúria ou simplesmente justificar (ou não) sua adesão aos concórdios (na forma da lei), impostos por sei lá quem que se diz ser: SISTEMA, Espelho Pra Cegos é um disparate sem precedentes que busca no meio do nada humano, uma justificativa (ou não) para algo que persiste em perturbar nossa existência: CADÊ O PROPÓSITO?

Soturna, irreverente, clara e obsoleta, seu desenrolar retrata o rastro das subpastas e arquivos Temporary Files que residem lá nas quinas de nossa mente, que nunca nos damos conta de como esse lixo mental arquivado influencia o nosso estado racional. A prova que precisávamos para justificar a necessidade de uma infinita Lavagem Cerebral.


Esse nosso mundinho insanamente perfeito, fechado por círculos e esferas, onde é mais fácil viver e apodrecer dentro delas do que sair e enfrentar a realidade; a luta contra a beleza indiscreta que as afeições sistemáticas nos causam; a obrigação moral que nos fita todos os dias através de nossas janelas pessoais, enfim... Enfrentar a realidade (existe?) e a irreverência problematizada dos dogmas e das referências que nos farão ser gente sólida e constituída, evidenciando o choque entre estas questões que, no final, irá nos reduzir a pó.

...Que merda!

Uma apresentação visual abre o espetáculo, e logo após os monólogos começam a serem proferidos. Borboletas, caracóis, vazio, cavalo, circulo... temas múltiplos em linha decrescente (que dá a entender que a coisa está sempre a piorar).

A peça proporciona ao espectador não só um texto surreal, mas também uma dinâmica diferente, com palcos espalhados pelo salão do Teatro, e a proximidade do público com os atores que em certos momentos parecem participar da encenação, seja no fixar dos olhos que os personagens direcionam para quem está próximo - ao monologar -, ou em momentos em que eles saem de seus palcos e circulam através da platéia.

A música é soturna. Lembra o barulho de máquinas ou naves espaciais, se preparando para pousar e caçar abduções. A luz é pouca e carregada de fumaça, descrevendo um aspecto frio e mórbido.

O Homem do Conserto Foto Joaquim Castro

Matéi Visneic, um audacioso ilustrador de ideias em maquete teatral, Romeno, oriundo das catacumbas filosóficas da Universidade de Budapeste, embriagou de surrealismo o texto desta obra que é simplesmente UM ABSURDO!

A Constituição Foto Joaquim Castro
Um belo espetáculo de Márcio Meirelles e com a colaboração de Bertho Filho (ambos, peças ímpares do teatro baiano), e encenado pela Cia Teatro dos Novos e pela Universidade Livre de Teatro Vila Velha, Espelho Para Cegos está em cartaz no Teatro Vila Velha neste domingo 20/10 e na próxima segunda-feira 21/10, e também de 24 a 27/10 (de quinta-feira a domingo).



SERVIÇO

O QUÊ: Espelho Para Cegos - Espetáculo baseado no livro de Matéi Visniec, que aborda a decomposição das relações humanas, a solidão, o controle social e outros entraves contemporâneos.

QUANDO: Dias 21 e 22/10 e de 24 a 27/10 a partir das 20 horas
ONDE: Teatro Vila Velha, Av Sete de Setembro s/n - Passeio Público, Campo Grande, Salvador - Bahia.

ELENCO: Teatro dos Novos (Anita Bueno, Neyde Moura - em vídeo, Sônia Robatto e Zeca de Abreu); Universidade Livre de Teatro Vila Velha (Kadu Lima, Lucílio Bernardes, Roberto Nascimento, Tiago Querino, Vinicius Bustani e Yan Britto) com participação de Bertho Filho, Fernando Fulco e Will Falcão - locução dos vídeos.

QUANTO CUSTA: R$ 30 inteira e R$ 15 meia

Mais informações acessem o Blog do Teatro Vila Velha e o site www.teatrovilavelha.com.br.

A sonoplastia desta peça, que está aos comando de João Millet Meirelles, me lembrou o belo trabalho surrealista do Pink Floyd, no disco Ummagumma, exclusivamente nas Sysyphus. Ouçam e se inspirem!







quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O que ainda vive? Beat The Devil's Tattoo - BRMC explica...

Essa tal decisão que tomamos toda vez que enfrentamos nossos dilemas quer dizer o quê mesmo?

Ação da Polícia de Choque nas manifestações brasileiras
Recentemente ouvi uma pessoa me contar que era mais fácil escolher fazer o que alguém lhe aconselha do que escolher dentre as diversas opções disponíveis, qual deverá ser adotada. Será que é por causa do simples fato de que, nos dias atuais, qualquer escolha está errada? Mas a lógica deveria ser o contrário, não? Toda escolha, mediante o consenso de livre arbítrio, está certa, todavia que o senso de certo e errado é mais que relativo. Na verdade ele nem existe!

Movimento anarquista Black Bloc
E como tudo que persiste em existir e durar, neste mundo, um dia vai morrer... Mas a morte ainda é muito pouco pra mensurar o resultado das somas e subtrações de nossas escolhas e atitudes. Vendo o tratamento covarde com que a força Nacional têm tratado os professores e manifestantes, no Brasil, eu fico a duvidar se realmente há um senso de coisa alguma...

Médica que matou dois jovens por nada, em Salvador - Bahia
Gente que mata gente e busca, na forma da lei, abrigo, e o pior: ainda acha! Como é possível conviver com essa tal motivação esperançosa, sem tomar uma atitude expressiva quanto a isso tudo? Não saberia dizer se é nessa perspectiva que os caras da Black Rebel Motocycle Club resolveram escrever a música aqui em questão: Beat The Devil’s Tattoo. 

Alguns bateriam na madeira e desconjurariam imediatamente, ao ouvir o simples e objetivo fato de que realmente “Não há mais paz aqui” e que “A sua alma está apta e a morte é tudo que você embala [...] todo mundo é rei quando não há mais ninguém pra trabalhar”.

Governo irredutível às queixas da população
Talvez seu governo discordasse das últimas palavras e aquele seu parente cristão, ache que você está sob os domínios de satanás... Mas na verdade, a única coisa que realmente é relevante nisso tudo é que não há mais paz aqui, e o amor, aqui, é vendido para que outros possam usá-lo. A guerra nunca é barata e pior: VOCÊ NÃO PODERÁ EVITAR!

Nem adianta procurar desculpas baratas e frases feitas de livrinhos de autoajuda. Se isso fosse produzido com a finalidade real de ajudar, não seria vendido ao valor acima de três dezenas de Reais, no mercado hipócrita da literatura Nacional. Mas eu te aconselho ligar (não mais que 5 minutos) a sua TV, por no noticiário local ou nacional e ver o efeito desse amorzinho que vivem a propagar nos status do Facebook que, não sei pra quê, lhe pergunta todos os dias: No que você está pensando?

Black Rebel Motocycle Club

É música pra ouvir no último volume do fone de ouvido, pois não são todos que merecem escutar a essência contida nos acordes sagrados de Beat The Devil’s Tattoo.

A MÚSICA: Beat The Devil Tattoo "Queima ele, Senhor!"

A BANDA: Black Rebel Motocycle Club "Os amigos que Mainha nunca deixaria eu sair junto"

O ÁLBUM: Beat The Devil's Tattoo "Nem a páu, Cabral curtiu isso"

O ANO: 2010 "Quando por aqui ainda havia esperança"

Para mais informações acesse a página da Black Rebel Motocycle Club no Facebook. Não deixe de curtir também a página do Blog Som Di Track.

Assistam ao vídeo de Beat The Devil’s Tattoo: