sábado, 28 de setembro de 2013

POR TRÁS DAS ESCOLHAS (Uma história de todos nós) Capítulo II: Cada homem com seu tempo... Cada dor com sua hora

Por Joaca de Castro


Nesse capítulo, vamos conhecer um pouco mais da história do avô de Isaah. Sr. Dangelo é um homem assombrado por seu passado. Dores e situações irreversíveis fizeram com que ele acabasse por desistir de lutar em prol dos seus ideais.

Um homem que viu seus amores serem levados pela vida e pelas consequências terríveis causadas por sua audácia e ousadia.
Boa leitura!!!


POR TRÁS DAS ESCOLHAS
Uma história de todos nós

Capítulo II: Cada homem com seu tempo... Cada dor com sua hora


Era como se as primeiras décadas do início do terceiro milênio retornassem e, aos poucos, aquela cena trágica se repetisse. Flora foi durante muito tempo a única pessoa que conhecia o seu estado de medo, mas não lhe bastava seus conselhos. Dangelo nunca cedia aos perigos que sua ousadia lhe impusera.

Naquele dia eram apenas eles dois, dirigindo pela estrada sinuosa da BA – 001, quando, de repente, sentiu faltar sensibilidade nos pedais. Em uma curva muito fechada, onde um despenhadeiro os esperava como se fosse um encontro inadiável, o carro perdeu o controle e caiu.

Ele ficou sabendo meses depois que o carro havia sido sabotado, e que a principal suspeita era a de tentativa, de certa forma com êxito, de queima de arquivo, pois ele tinha como provar o que todos daquela cidade sabiam, mas não tinha meios concretos de comprovar.

Inimigo político da família mais poderosa da região: a família Machado, Dangelo militava ao lado do povo, instruindo-os, de maneira fraterna e exata, como lutar a favor de seus direitos.

Não era um militante comum. Experiente, com larga história no ramo da Comunicação Social, sabia como ninguém dos podres que pairavam sobre os nomes nobres da região. Publicou, certa vez, num dos cadernos aos quais redigia textos jornalísticos a respeito do maior desvio de verbas públicas para fins pessoais, que a monopolista família que governava a sua cidade havia feito.

Nepotismo, superfaturamento de obras, falsificação de documentos..., Dangelo tinha o que faltava em muitos editores de sua época: coragem de romper com o lucro oriundo da impunidade.

Sua filha havia nascido fazia poucos anos e Flora temia o desemprego. Mas ele não era o tipo de homem que fica calado por muito tempo. Tinha o dom de expressar os fatos, sabia como fazer isso de uma forma que prendesse o leitor, e isso refletia em números expressivos de exemplares vendidos nas bancas:

- “Desculpe-me Cesar. Seu editorial não vai de encontro com a ética que estabeleci para os meus passos, e seria um grande choque se, ao invés de somar, minhas publicações levassem os leitores a ter uma visão critica negativa das outras publicações de seu jornal. Lamento, mas não posso aceitar”.

Por três vezes Flora tinha ouvido o mesmo discurso sair da boca de seu marido ao receber, em casa, a visita de donos de jornais locais interessados em tê-lo com editor de cadernos de política.

CONTINUA...

Capítulo anterior: As visões de Isaah

Para acompanhar os momentos tensos das perdas de Dangelo, Som Di Track indica a música The Blower's Doughter do Damien Rice:




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é muito importante!
Por isso seja o mais colaborativo possível e evite, por gentileza, o uso de palavrões ou ofensas.
Som Di Track agradece!