Por Joaca de Castro
Nesse capítulo, vamos
conhecer um pouco mais da história do avô de Isaah. Sr. Dangelo é um homem
assombrado por seu passado. Dores e situações irreversíveis fizeram com que ele
acabasse por desistir de lutar em prol dos seus ideais.
Um homem que viu seus
amores serem levados pela vida e pelas consequências terríveis causadas por sua
audácia e ousadia.
Boa leitura!!!
POR
TRÁS DAS ESCOLHAS
Uma
história de todos nós
Capítulo
II: Cada homem com seu tempo... Cada dor com sua hora
Era como se as primeiras décadas do início do
terceiro milênio retornassem e, aos poucos, aquela cena trágica se repetisse.
Flora foi durante muito tempo a única pessoa que conhecia o seu estado de medo,
mas não lhe bastava seus conselhos. Dangelo nunca cedia aos perigos que sua
ousadia lhe impusera.
Naquele dia eram apenas eles dois, dirigindo pela estrada
sinuosa da BA – 001, quando, de repente, sentiu faltar sensibilidade nos
pedais. Em uma curva muito fechada, onde um despenhadeiro os esperava como se
fosse um encontro inadiável, o carro perdeu o controle e caiu.
Ele ficou sabendo meses depois que o carro havia
sido sabotado, e que a principal suspeita era a de tentativa, de certa forma
com êxito, de queima de arquivo, pois ele tinha como provar o que todos daquela
cidade sabiam, mas não tinha meios concretos de comprovar.
Inimigo político da família mais poderosa da região:
a família Machado, Dangelo militava ao lado do povo, instruindo-os, de maneira
fraterna e exata, como lutar a favor de seus direitos.
Não era um militante comum. Experiente, com larga
história no ramo da Comunicação Social, sabia como ninguém dos podres que
pairavam sobre os nomes nobres da região. Publicou, certa vez, num dos cadernos
aos quais redigia textos jornalísticos a respeito do maior desvio de verbas
públicas para fins pessoais, que a monopolista família que governava a sua
cidade havia feito.
Nepotismo, superfaturamento de obras, falsificação
de documentos..., Dangelo tinha o que faltava em muitos editores de sua época:
coragem de romper com o lucro oriundo da impunidade.
Sua filha havia nascido fazia poucos anos e Flora
temia o desemprego. Mas ele não era o tipo de homem que fica calado por muito
tempo. Tinha o dom de expressar os fatos, sabia como fazer isso de uma forma
que prendesse o leitor, e isso refletia em números expressivos de exemplares
vendidos nas bancas:
- “Desculpe-me Cesar. Seu editorial não vai de
encontro com a ética que estabeleci para os meus passos, e seria um grande
choque se, ao invés de somar, minhas publicações levassem os leitores a ter uma
visão critica negativa das outras publicações de seu jornal. Lamento, mas não
posso aceitar”.
Por três vezes Flora tinha ouvido o mesmo discurso
sair da boca de seu marido ao receber, em casa, a visita de donos de jornais
locais interessados em tê-lo com editor de cadernos de política.
Para acompanhar os momentos tensos das perdas de Dangelo, Som Di Track indica a música The Blower's Doughter do Damien Rice:
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